SOBRE ESTE BLOG

Como grãos que, após cada safra, cada produção, são armazenados no celeiro, aqui o espaço para textos; seja em verso, seja em prosa. Espaço que espero venha a tornar-se profícuo na propagação de pensamentos, ideias e emoções. Aqui o celeiro.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

DOR E MUDANÇAS

A dor nunca deve ser interpretada como dor apenas, mas também como prenúncio de mudanças, e mudanças sempre fazem bem. Elas trazem o renascimento da alma.

The sorrow never should be interpreted like just sorrow, but also like a previous state of changes, and changes always are benefic. They bring the rebirth of the soul.

Il dolore mai dev'essere interpretato come dolore soltanto, ma anche come l'avvenire dei cambiamenti, ed i cambiamenti sempre fanno bene. Loro portanno la rinascenza dell'anima.


sábado, 30 de outubro de 2010

LER O MUNDO

Sem medo da luz no olhar,

sem o espanto do reconhecimento.

Sem medo da ternura,

sem medo da emoção mais forte,

sem as amarras que cerceiam o gesto,

sem o mutismo das palavras indizíveis,

sem a hesitação...

Com a sutileza e o encanto,

Com o fascínio dos seus sentimentos.

Com o olhar que perscruta a alma.

Buscando a forma de entender o pranto,

uma fórmula para estender o riso,

uma vida para ser vivida

sem os meios termos, meias verdades,

sem metades, toda, inteira.

Todas as leituras possíveis:

Ler o mundo palimpsesticamente.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

OUSADIA/ DARING

Deixo a segurança da calçada para ousar,
para buscar emoções no espaço aberto da rua movimentada.
Deixo a rotina para quebrar a monotonia e até mesmo a cara.
Deixo de dizer para mim mesma que isso ou aquilo pode não dar certo.
Corro riscos.
Só não quero correr o risco de chegar ao ocaso da vida
sem nenhuma emoção forte,
mesmo que seja uma dor pungente;
como a vida é sempre dual, pressupõe-se antes o prazer.

I leave the security of the sidewalk to dare,
to look for emotions in the wide space of street in rush hours.
I leave the routine for breaking the monotony and even my face.
I stop to say to myself that anything I do could be failed.
I run the risks.
I just want not to run the risk of arriving at the end of life
without any strong emotion,
even though a poignant pain,
as life anyway is dual, a previous pleasure is guessed.



terça-feira, 7 de setembro de 2010

SETEMBRO


Em meio à sequidão do Planalto Central esperamos as primeiras chuvas da primavera. O ar ficará mais ameno.
Setembro é um mês especial. O amor tem cores que, em setembro, se tornam visíveis em cada por de sol, em cada flor, em cada dia de céu límpido e azul. Deixo aqui um poema para setembro.

POEMA DE SETEMBRO

Explodem cores no setembro,

tudo é vida, tudo é cor...

e, nessas explosões cromáticas,

busco minha alma,

busco minha alma,

que agoniza nas tardes

que morrem calmas.

Explodem sonhos no setembro,

mil fragmentos,

mil fragmentos...

e, nessas explosões oníricas

busco minha vida,

busco minha vida,

que se esvai nas tardes calmas

à procura do ser.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Não existe distância se a alma está perto.

Non c'è la distanza se l'anima è viccina.

There isn't distance if the soul is close.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

CORES DE JULHO













Quadro: Cálice
Ano: 2008




Em julho,
todas as cores, em todos os tons e nuances,
e um horizonte amplo a abrigar-me
todos os sonhos e planos.
Todos os desejos, transformados em luz e cor,
a transporem as fronteiras da imaginação.

Em julho,
recolho-me enquanto espraio-me,
fragmentando-me, partículas mil de mim
misturando-se em óleo e tela,
em água e sal.

Em julho,
renasço,
recrio o espaço
onde sou phoenix.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

POETA, POESIA, POEMA

http://www.youtube.com/watch?v=kYoMfRSzIjE

"Sempre chega a hora da solidão,
sempre chega a hora de arrumar o armário,
sempre chega a hora do poeta plêiade,
sempre chega a hora em que o camelo tem sede. ..." (Ana Carolina)

Em um tempo em que a poesia sobrevive pela inerência da emoção ao ser humano, o poeta raramente é plêiade, mas como diz a letra d'O avesso dos ponteiros, de autoria da compositora e cantora Ana Carolina, sempre haverá um momento em que este se fará plêiade.
É através da emoção, inerente à todas as formas de arte, que por sua vez tem em sua imanência a poesia, que o poeta, apartado de sua denominação de poeta, (pra não dizer rótulo, por que ser poeta pode soar pejorativamente em nossa sociedade prática e capitalista), se fará plêiade.
As mais diversas formas de arte utilizam-se das mais diversas estéticas, porém, todas têm em comum a emoção, que por sua vez utiliza-se da poesia para expressá-la, através das características que lhes são próprias. O poeta, então, faz-se plêiade, isto é, brilha, através de outras estéticas que não a do poema. Mas, como não pretendo ser uma sétima estrela de nada, vou deixar aqui um pouco de poesia em formato de poema mesmo!


ESPERANÇA

Eu espero,
incansavelmente, espero
o fim dos apartheids velados,
da voz sufocada dos oprimidos
lesados, explorados e esquecidos.
Espero
as crianças brincando livremente
na pracinha de canteiros floridos.
Espero mais verdade nos púlpitos
e o fim dos crimes contra o erário público.
Espero o amor ditar as normas na sociedade,
- e não o contrário! -
espero o cinismo e a falsa moral
substituídos pela verdade,
a minha verdade, a sua verdade,
a nossa verdade.
Espero, incansavelmente, espero
por que esperar é não deixar o sonho escapar,
e não deixar escapá-lo é viver.



segunda-feira, 21 de junho de 2010

SOBRE BRASÍLIA


Fui, agradavelmente, compelida a escrever um poema sobre Brasília. Tanto pelas pessoas que me perguntam se eu já o escrevi, quanto pelo sentimento que nutro por essa cidade. Então, aí está minha homenagem aos 50 anos de Brasília:


BRASÍLIA

Cerrado, faixas verdes, concreto.
Vias amplas que conduzem os sonhos
da mocidade no fazer moderno.

Na amplidão, que és tu,
concretizas o sonho que se fez eterno
em traços geometricamente curvos,
como o arco das almas dos primeiros candangos,
aqui chegados para te construir.
Como as linhas retas e precisas
dos que em ti se fizeram planos,
se fizeram anos e anos,
e na saudade de outros lugares
criaram o limo do apego
e aprenderam a te amar.

Na amplidão, que és tu,
os corações confrangidos
construiram o sonho do lugar idealizado
e voaram em tuas asas de norte a sul,
sob o céu mais amplo e anil jamais visto,
sob a sequidão dos dias banhados de sol inclemente
ou das noites frias entremeadas de lágrimas,
vertidas pela saudade da visão de outro azul.

Tão jovem e desde sempre tão importante
tu segues imponente através da nossa história,
acolhendo os que em ti ainda esperam,
de alguma forma, fazerem-se família,
e de alguma forma far-se-ão
pois tuas asas, abertas de norte a sul,
sempre acolhem os que em ti chegam, Brasília!

domingo, 20 de junho de 2010

MISTURA


Vem, e mistura o seu suor ao meu,
- o suor é incolor -
Mistura sua visão à minha,
olhando na mesma direção
- a linha imaginária dos objetivos únicos é incolor -
Mistura o seu silêncio ao meu,
- silenciar a dor é incolor -
e a sua voz à minha,
- vozes juntas não são crespas ou lisas,
são apenas vozes. -
Mistura o seu sonho ao meu,
e com nosso suor,
nosso olhar sobre o futuro próximo,
nosso grito rasgando o silêncio de séculos,
(mal vividos), construiremos nosso espaço igual,
onde não caberá mais o grito
por que o silêncio não será mais opressivo,
o silêncio selará o acordo de um espaço único,
e o fim de uma situação desumana.

CADA UM SABE DO SEU

Respiro a inquietude dos aflitos,
e me contorço feito o anjo torto que sou.
Não me cobro mais correta do que consigo ser,
até porque a correção perfeita é a tradução
do moralismo podre e cínico dos que se dizem retos.
Prefiro ser torta mesmo,
e com uma boa dose de alegria e loucura,
que é pra não viver a monotonia dos angustiados tristes.
A angústia ruminante é o meu segredo
e, a minha leveza de alma é o que consigo de mim,
quando construo-me na angústia e na aflição,
tornando-me tortamente leve, tortamente feliz.
Realizo-me assim.
Quem sabe do meu eu sou eu!
O Carlos sabia do dele,
O Augusto sabia do dele,
A Virginia sabia do dela.
Enfim, penso que você sabe do seu. NÃO É?!